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A GERINGONÇA
A “Geringonça” – baptizada assim graças à contribuição lexical do irrevogável submarinista Paulo Portas – é uma solução governativa com apoio parlamentar maioritário, que se apresenta como a única que pode garantir o alcançar de uma justiça social, ainda que minimalista.

Um nível superior deste acordo parlamentar consistira na evolução desta solução para um Governo que integrasse o PCP e o BE. Mas sabemos que tal evolução não é possível dadas as enormes diferenças entre o PS e, principalmente, o PCP.

O PCP e o PS continuam a ser os partidos que sempre foram: um assumindo a defesa dos trabalhadores e do povo contra o capital, armado com uma ideologia marxista-leninista, o outro um partido social-democrata, defendendo uma economia capitalista (eufemisticamente chamada de economia de mercado), com ligações ao mundo da alta finança e comprometido com as estruturas da UE e da NATO, com uma concepção do mundo e das relações geopolíticas completamente contrária à do PCP.

Não obstante estas diferenças abissais entre os dois partidos, foi possível construir esta solução – iniciativa que coube fundamentalmente ao PCP, tem que se reconhecer – que é, repito, a única que possibilita uma certa defesa dos interesses e dos direitos de quem trabalha ou vive de uma pensão.

Também se sabe que quem romper este Acordo, se a conjuntura não se alterar significativamente, fica com o ónus desse rompimento. Não é que estas forças políticas estejam cativas entre si, mas não há dúvida nenhuma que o fim deste Acordo só beneficiava o infractor de sempre: a direita radical. Este é o seguro de vida da “Geringonça”.

Porem, nem tudo vai bem no reino da Dinamarca.

Em tempos Luís Montenegro terá dito que "a vida das pessoas não está melhor mas a do País está muito melhor". Esta afirmação traduz uma impossibilidade, como sabemos.

Nada disso se passa actualmente. Hoje o país está melhor porque as pessoas percepcionam essas melhoras.

Mas o que é um facto é que no nosso quotidiano tropeçamos a todo o momento com situações inadmissíveis e que nos infernizam a vida.

É disso que falaremos nas próximas “notas do quotidiano”.

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