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De pé ó vitimas disto tudo!

Radical é um adjectivo contraditório: os dicionários definem radical como aquele que pretende reformas profundas na organização social mas também aquele que sustenta posições extremistas.
Ainda pode ser entendido como aquele que vai à raiz das matérias.

O verbo radicalizar e a expressão de que este ou aquele se radicalizou aqui ou ali, ou foi radicalizado, entrou no nosso quotidiano a propósito de integrantes de movimentos que praticam o terrorismo, seja ele dito islamita ou não-islamita, seja ele acto individual, de grupo ou de Estado.

Mas para além dos fenómenos terroristas, com todos os seus matizes, a verdade é que as chamadas “sociedades desenvolvidas capitalistas”, por serem perigosas, prepotentes e destruidoras da individualidade, elas próprias promovem em larga escala o radicalismo.

A sua dinâmica em termos económicos, sociais, políticos e religiosos, cria tensões preocupantes levando alguns a defender que, mais cedo ou mais tarde, tais tensões conduzirão necessariamente a formas de violência insurreccional.

De facto, no nosso quotidiano, qual de nós nunca sentiu “uma força a crescer-nos nos dedos e uma raiva a nascer-nos nos dentes”,

Quando:

O Governo que elegeste te mentiu e te tratou como um indigente mental, incumprindo as promessas que te fez e te infernizou a tua triste vidinha;

O mesmo se diga da Junta de Freguesia e Câmara Municipal, que se constata estarem nas tintas para tornarem o sítio onde moras um pouco mais ameno.

A Administração Fiscal, assumindo atitudes de majestades absolutistas, te confiscam os bens que necessitas para ti e para os teus filhos, tantas vezes por uma multa irrisória, perdoando milhões aos poderosos;

As televisões e os jornais te manipulam e te mentem descarada e deliberadamente formatando-te a mente para repetires o que querem que repitas, pensares o que querem e como querem que penses, gostares do que querem que gostes, agires como querem que ajas;

A EDP ou a PT ou quejandas te roubam e te enganam na conta mensal ou te causam prejuízos por corte indevido dos fornecimentos, actos pelos quais nunca são sancionadas;

A Companhia de Seguros te nega os teus direitos invocando cláusulas invisíveis e nunca lidas e de duvidosa legalidade;

A Banca se comporta perante ti como uma organização de agiotas e trapaceiros marginais, protegida pelos poderes instituídos, comendo-te nos juros, nos spreads e nas condições contratuais que te obriga a aceitar e depois, ao mínimo incumprimento, te arrasta para a miséria roubando-te a casa onde habitas com a tua família sem o mínimo de pudor, com a complacência e cumplicidade de poder judicial;

A PSP, escondida e disfarçada, te intercepta numa via onde sabe ser impossível cumprir limites de velocidade e te multa escandalosamente. PSP que nunca está onde é necessária…;

A Entidade Reguladora a quem, diligente e educadamente apresentas queixa sobre o modo como te enganam os tubarões que prestam os serviços básicos e descobres que essas Entidades são meras extensões dessas empresas que prestam esses serviços (Banca, PT, EDP, CTT, Comunicação Social, EPAL, Seguros, Saúde, etc…);

Os Tribunais arrastam o processo que instauraste a um vigarista, burlão ou ao próprio Estado, que te lesaram ou espoliaram, obrigando-te a um calvário de anos a fio à espera de uma decisão judicial que, no final, se revela ou já fora de tempo ou mesmo contra ti, que és o queixoso, obrigando-te a pagar custas processuais escandalosas;

O Hospital te obriga a passar horas infinitas num banco de urgências ou numa simples consulta externa, num local abjecto, e depois te atende como a um cão, causando-te tantas vezes mazelas irreversíveis que depois, despudoradamente, não assume;

O teu patrão abusa da tua ignorância ou passividade e te nega os teus direitos contratuais e de cidadania e descobres que o teu sindicato é amarelo e é cúmplice do patronato;

Os biscateiros a quem entregaste um trabalho te roubam e te enganam sem escrúpulos, agindo com toda a impunidade, recusando até a passagem da factura roubando assim também o erário público;

E tanto que poderíamos acrescentar com igual veracidade.

Até quando isto durará...?